Tempo de grandes (e bons) desafios

Tempo de grandes (e bons) desafios

01.12.2016

* Por Frank Sowade

O ano não poderia terminar melhor com o Simpósio de Veículos Elétricos e Híbridos realizado pela SAE BRASIL, boa reflexão de fim de ano e definição de estratégias para 2017 em diante para aqueles que querem continuar no setor da mobilidade.

O ano de 2016 foi de fato desafiador no melhor sentido da palavra. Felizmente, os brasileiros em geral, e os que militam na indústria em particular, estão acostumados a lidar e a vencer obstáculos de toda ordem. De uma maneira ou de outra nos adaptamos bem às ressacas da economia e à instabilidade política brasileira, com respostas criativas e resultados positivos.

Na SAE BRASIL não foi diferente. Ultrapassamos adversidades por caminhos que exigiram certa desconstrução de conceitos de gestão administrativa, reorganizamo-nos internamente e readequamos despesas à situação. Verificamos que seria preciso ir além, e decidimos abrir o nosso quadro associativo para a adesão de empresas, que desde a fundação da entidade no País, em 1991, é formado unicamente por pessoas físicas. Criamos a categoria de Mantenedores da SAE BRASIL.

Ante a velocidade dos avanços tecnológicos, a sofisticação crescente dos sistemas aplicados à atividade manufatureira e daqueles embarcados nos veículos, bem como as novas necessidades de inovação nas engenharias, identificamos a urgência de projetar o que deve ser a associação nos dias que virão a partir de amanhã. Assim decidimos criar e estamos desenvolvendo a plataforma SAE BRASIL do Futuro, sustentada em quatro pilares – Associação, Tecnologia, Educação e Networking, na qual estão estabelecidas diretrizes e ações para o melhor fomento da Engenharia da Mobilidade, missão da entidade.

Penso que seja nosso dever como instituição que zela pelo desenvolvimento da engenharia atentar aos novos movimentos da indústria em âmbito global, que, cedo ou tarde, chegarão por aqui. Falo especificamente de assuntos como a substituição de motores a combustão por elétricos para redução de emissões veiculares de CO2, anunciada por países europeus como a Alemanha, no sentido de proibir a venda de veículos a diesel e a gasolina a partir de 2030.

Em relação aos propulsores, não vejo vida muito longa para motores a combustão. Não só pelo CO2 gerado, mas também pelos complexos processos de manufatura e baixa eficiência energética. Acredito que esses propulsores ainda sofrer deverão passar ainda por alguns ciclos de melhoria, até serem substituídos completamente pelos elétricos.

Em que pesem os esforços atuais concentrados no peso das baterias, na autonomia, no tempo de recarga e no custo de produção, para a viabilização de veículos elétricos em maior volume, as vantagens da eletrificação são inúmeras além da redução de CO2. Sem dúvida, os veículos híbridos apoiarão a fase de transição, enquanto se cria a infraestrutura necessária em todas as regiões do globo.

Na era da energia gerada de formas cada vez mais limpas e através de fontes renováveis; a solar e a eólica já são realidade também no Brasil, País abençoado pela geografia e potencial hídrico, talvez esse movimento ocorra mais rápido do que alguns imaginam.  A engenharia e a indústria locais precisam se preparar para a eletrificação e trabalhar para que o propulsor elétrico seja viável também para veículos de entrada. Este sim é um desafio para a engenharia brasileira.

Durante o 25º Congresso SAE BRASIL que, além de importantíssima fonte de conhecimento tecnológico, mostrou-se uma fantástica oportunidade de networking, tive a felicidade de saber de um alto executivo de uma das tradicionais fabricantes local, que está trabalhando fortemente para lançar carros elétricos no País até 2021!

A velocidade dos últimos fatos na indústria da mobilidade deve nos motivar a novos caminhos, a quebrar paradigmas e a mergulhar em formas inovadoras de fazer as coisas acontecerem. Esse foi o espírito do Congresso SAE BRASIL deste ano, atestado não apenas pelo elevado conteúdo técnico de seus painéis, fóruns e Mostra Tecnológica, mas também pela forma como estruturamos o evento, que se mostrou como grande sucesso.

Estou confiante em relação aos rumos da nossa associação, que tive a honra de conhecer pelo lado de dentro. Presidi-la tem sido uma experiência muito rica de aprendizado tanto pessoal quanto profissional, que levarei comigo para sempre.

*Frank Sowade é engenheiro e presidente da SAE BRASIL 2015-2016