“Viemos para ficar”

“Viemos para ficar”
Fabiano Lourenço

03.09.2019

Tendo a confiança e permanência em longo prazo nos locais em que se instala como base, a Mitsubishi Electric está no país desde 1975. E não pretende ir embora tão cedo

Fabiano Lourenço, vice-presidente da Mitsubishi Electric do Brasil, foi contratado, há quatro anos, para fazer a gestão de vendas e a colaborar com a efetiva instalação em solo brasileiro. A Mitsubishi Electric atua em automação industrial e CNC, sistemas de ar-condicionado e de transporte, e equipamentos automotivos. “Fui responsável pelo primeiro approach no mercado brasileiro e também por estabelecer uma estrutura organizacional, contratar pessoas, entre outras coisas, dentro de um agressivo plano de desenvolvimento da indústria para os próximos anos, até 2022”, informa o executivo. Planos para produção local? Ainda não; os produtos são trazidos do Japão. Entretanto, não está fora de cogitação em longo prazo. Para se ter uma ideia da evoluç&atil de;o em oito anos, a companhia triplicou o número de funcionários contratados, trocou o sistema ERP, implantou CRM e estruturou o estoque local. “Ou seja, ainda estamos em processo de amadurecimento; com o tempo é natural que se pense em produção local”.

Com o porte de um país como o Brasil, a Mitsubishi Electric conta com uma rede de perto de 30 distribuidores, integradores e representantes de vendas. Fabiano cita a cultura japonesa para a atuação em solo brasileiro: não adianta contratar uma pessoa de vendas para expandir o mercado, sem contratar suporte técnico interno. A filosofia da empresa é contratar uma pessoa para o comercial, ao mesmo tempo que contrata outra para o suporte técnico. É o que a diferencia da concorrência. Na concepção da Mitsubishi o suporte técnico é tão ou mais importante que a qualidade, não se esquecendo que os produtos japoneses têm uma qualidade muito alta. Mas o suporte técnico para ensinar o engenheiro a usá-los faz com que em futuro próximo esse mesmo engenheiro compre de novo porque sentiu facili dade na utilização. “Isto está integrado na estratégia de venda”, explica.

O principal nicho de mercado da Mitsubishi Electric é automação industrial, mas o campo de atuação é enorme. Na área de energia, por exemplo, há muito potencial de trazer produtos de média tensão, transformadores, semicondutores, entretanto a indústria pretende fazê-lo aos poucos. Com um crescimento de 20 a 30% ao ano, se exagerar no processo, pode ter problemas em contratar profissionais. Fabiano conta que muitas vezes chega com um plano agressivo no Japão, mas o executivo a quem se reporta, fala: calma, espere um pouco, se não vai ter problemas de logística ou de pessoas. “Esse viés de médio e longo prazos é um modus operandi diferente. Agora com quatro anos de empresa, eu entendo: eles não mudam diretoria, por exemplo, e se preocupam muito com os aspectos sociais.”

Outros fatores a serem destacados é a relação da Mitsubishi Electric com instituições de ensino e os treinamentos gratuitos, disponibilizados na internet. Há três anos doam equipamentos para pesquisa e o treinamento básico, com certificado, para desempregados. “Qual é o benefício? Estudantes e profissionais vão se lembrar muito positivamente da empresa”.