Embraer fomenta rede de mais de 70 fornecedores de 'aeropeças'

Embraer fomenta rede de mais de 70 fornecedores de 'aeropeças'

29.04.2016

Foi na garagem de uma casa em Santo André (Grande São Paulo) que o empresário Mauro de Paula Ferreira, 57, começou a usinar pequenas peças para indústrias de componentes automotivos, mecânicos e eletrodomésticos. Passados 30 anos, Ferreira e mais dois sócios se consolidaram como um dos mais de 70 fornecedores nacionais exclusivos de peças para aviões da Embraer, um negócio que movimentou R$ 381 milhões só no ano passado.

Hoje, a Globo Usinagem tem duas fábricas -Jambeiro (120 km de SP) e Botucatu (238 km da capital)- e 330 funcionários divididos em dois turnos e meio para a produzir 40 mil peças mensais.

Para atingir essa produtividade, o empresário e os sócios fizeram uma série de ajustes para reduzir custos, eliminar desperdícios e melhorar a qualidade. Vários desses ajustes foram fomentados por cursos e treinamentos da própria Embraer.

Em cinco anos, a Globo Usinagem dobrou a produção de peças e aumentou para 4.000 o número itens produzidos. A empresa agora avança a outros setores e se prepara para novas demandas da empresa aeronáutica. "Eles [Embraer] abriram a nossa mente. Nosso faturamento cresceu 30% nos últimos cinco anos e vamos repetir isso até 2020", disse.

Treinamento

Os cursos e treinamentos dados pela Embraer estão dentro do PDCA (Programa de Desenvolvimento da Cadeia Aeronáutica), a evolução de um programa iniciado em 2011 para fomentar a cadeia de fornecedores. "Sem uma base de fornecedores capaz, não teríamos condições de desenvolver esses projetos. São vitais as ações para aumentar a produtividade e a eficiência", disse Francisco Soares, vice-presidente de suprimentos da Embraer.

Nos últimos cinco anos, o número de peças do portfólio dos fornecedores da Embraer mais que dobrou: passou de 32 mil para 66 mil. Para uma aeronave da família E-2, o volume de compras da cadeia subiu de 6.900 para 9.500 itens. Segundo Soares, 80% da fuselagem do novo avião, que chegará ao mercado em 2018, é de fabricação nacional. "Uma cadeia nacional de fornecedores nos garante menor tempo e mais eficiência. Se não fosse isso, teríamos que importar as peças, o que geraria pelo menos 50 dias a mais no processo de produção em razão do transporte."

"O raciocínio da Embraer foi o seguinte: se for crescer, preciso que minha base também cresça. Foi daí que surgiu o PDCA", disse Amauri Silva, 52, um dos três sócios da Usimaza, em São José dos Campos (97 km de SP).
Atualmente, 85% da usinagem de peças da empresa é destinada à Embraer. Até 2018, a expectativa do empresário é a de aumentar o faturamento em 40%, com a demanda de peças e componentes montados para o E-2.

Fonte Folha de SP