Empresa árabe de navegação amplia negócios no Brasil

08.04.2016

Uasc, formada por seis países árabes, está aumentando sua presença na América do Sul. A companhia tem escritório no Uruguai e vai abrir representações no Brasil e na Argentina até o final do ano.

A empresa árabe de navegação United Arab Shipping Company (Uasc) está ampliando sua presença no mercado sul-americano. A companhia atua na região há mais de 20 anos, mas agora passa a oferecer mais serviços por meio de uma parceria com a alemã Hamburg Süd, além de abrir novos escritórios regionais. A companhia tem ainda uma joint venture com a empresa Ultramar, de serviços portuários e marítimos.

Um escritório novo foi aberto no Uruguai, e até o fim do ano haverá representações no Brasil e na Argentina. Nesta terça-feira (05), o vice-presidente de Vendas e Marketing da companhia, Eric Williams, disse à ANBA que a Uasc aposta no relacionamento como diferencial para crescer na região. A empresa participa da feira de logística Intermodal, que ocorre em São Paulo.

"Já estamos aqui há alguns anos, mas agora queremos estar mais próximos e com mais força. Oferecemos um serviço de qualidade elevada, com foco na demanda do cliente", disse. "Expandir este mercado é resultado do desenvolvimento da nossa empresa. Queremos ser mais fortes na América do Sul", disse o executivo. A Uasc é formada por governos e empresas dos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Catar, Bahrein, Iraque e Kuwait, onde fica sua sede. A companhia tem 185 escritórios em diversas cidades pelo mundo.

Por meio da parceria com a Hamburg Süd, produtos que tenham a América do Sul como destino final são levados pela Uasc até um porto na Europa ou África. De lá até o destino final, é a Hamburg Süd que assume o transporte. Já um produto que parte da América do Sul tendo África ou Ásia como destino será levado até um porto africano ou europeu pela Hamburg Süd. Depois, é a Uasc que assume a carga.

Na América do Sul, a Uasc tem também um navio próprio em operação. "Estamos prontos para atender a demanda com carga seca e também refrigerada, para carnes e frutas", disse, como exemplo dos produtos com os quais a companhia trabalha na região.

Ele reconhece que o momento da economia brasileira é delicado, mas afirmou que isso não afeta os planos da Uasc. "É desafiador, mas nossa estratégia é de longo prazo e acreditamos no potencial da região. Podemos ter uma demora maior em obter o retorno planejado, mas sabemos disso", afirmou.

A criação de uma linha direta de navios entre a América do Sul e o mundo árabe e a criação de joint-ventures nas áreas de transporte e logística entre empresas das duas regiões foram alguns dos principais temas do fórum empresarial que ocorreu paralelamente à 4ª Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), em novembro de 2015, na Arábia Saudita. O assunto voltará a ser discutido na Conferência de Transporte e Logística América do Sul-Países Árabes, nos dias 13 e 14 de abril, no Cairo, capital do Egito.

Omã

O porto e a zona franca de Sohar, em Omã, também participam da Intermodal, em parceria com o Porto de Roterdã, na Holanda, e o Porto Central, em Vitória, no Espírito Santo. O gerente executivo comercial, Marc Evertse, afirmou que o objetivo do porto na mostra é atrair exportadores de alimentos.

“O Brasil tem grandes empresas neste setor e que estão crescendo. Temos uma localização estratégica que favorece a distribuição. Agora que o mercado do Irã está se abrindo, estar em Sohar é uma excelente oportunidade pra quem exporta para o Irã, entre outros destinos do Oriente Médio que estão a alguns quilômetros de distância”, afirmou. A mineradora brasileira Vale tem uma unidade que produz pelotas de minério de ferro ali e distribui para a Ásia.

Evertse também lembrou que o Brasil passa por uma crise econômica. Ele destacou, porém, que o setor de alimentos ainda cresce. “A Vale está com dificuldades e é um momento difícil também em razão das cotações mais baixas das commodities. Mas o Brasil é forte nesta área de alimentos, e este é um segmento de consumo elevado e de forte crescimento nos países árabes”, afirmou. De Omã, estão na feira também o porto e a zona franca de Duqm.