Entenda como funciona a mineração de bitcoins

Entenda como funciona a mineração de bitcoins

04.08.2021

As criptomoedas são um assunto recorrente no mercado e ganham cada vez mais popularidade. De acordo com uma pesquisa da Autoridade de Conduta Financeira (FCA), 78% dos entrevistados ouviram falar neste tipo de ativo, um aumento de 5% em comparação com o levantamento do ano anterior. Mas apesar do crescimento no interesse da população, em geral, alguns assuntos ainda causam dúvidas, até mesmo em relação a moedas mais famosas como o bitcoin. Um exemplo é o processo de mineração de bitcoins, tema em alta por conta das declarações de Elon Musk e repressão chinesa, mas que soa complexo para muitos.

Para tornar o entendimento mais fácil, Rudá Pellini, co-fundador da Wise&Trust, fintech americana de gestão de investimentos em ativos digitais, sugere ver o bitcoin como uma commodity digital. Sendo uma commodity, há "produtores", as mineradoras. Assim, a mineração é o processo de emissão de novos bitcoins e a manutenção da rede. Os mineradores prestam um serviço de processamento de transações para a rede do bitcoin o que permite que o sistema seja seguro.

Tamanhas atribuições tem lá as suas vantagens. Os benefícios de ser um minerador envolvem o direito de emitir novos bitcoins e o recebimento de taxas por transações, o que resulta em um lucro expressivo. De acordo com o The Block Research, especialistas em mineração lucraram mais de US? 1,5 bilhão só em março deste ano. Tal possibilidade de "ganhar dinheiro fácil" pode empolgar muita gente, mas é preciso investir em aparelhagem técnica. O investimento em um hardware adequado pode variar de US? 10 a 15 mil e há os custos energéticos, pois a máquina precisa ficar ligada 24 horas durante todos os dias da semana.

Porém, o consumo de energia tem ganhado força também por conta da preocupação ambiental. Em um mercado cada vez mais preocupado com ESG (Environmental, Social and Governance; em português, questões ambientais, sociais e de governança), o fato da rede consumir mais energia que a Argentina, segundo uma pesquisa da Universidade de Cambridge, pode ser preocupante. "A mineração exige muita energia, assim como tudo o que fazemos desde que saímos da cama. A questão é que olhar somente para o consumo total de energia da rede do bitcoin, ou compará-lo com um país, de fato não diz muita coisa. Assim, tenho ressalvas com tais estimativas, já que não englobam variáveis como avanço tecnológico (que torna a mineração mais sustentável), localização de mineradoras, capacidade de processamento de hardwares, etc. Segundo tais cálculos, é como se todas as mineradoras fossem homogêneas, com as mesmas caraterísticas", contextualiza Rudá.

Ao falar do futuro da mineração, Rudá cita a possibilidade da rede se sustentar completamente com energia sustentável e enxerga uma tendência de profissionalização da indústria. "Atualmente há sete mineradoras com ações listadas em bolsa, além de negócios listados que já começaram a investir nesta atividade de forma direta ou indiretamente. É tal investimento em tecnologia que permitirá que o mercado ganhe escala", complementa o especialista. Segundo o empreendedor, os próximos anos do mercado serão marcados por M&As e novos entrantes de peso com acesso a capital.

Imagem: David McBee