Precisamos falar sobre a revolução biotecnológica

22.02.2018

*Por Fabricio Drumond

Ao longo da história, o desenvolvimento econômico e social da humanidade sempre se deu por meio de revoluções. A primeira delas, a agrícola, que aconteceu 10 mil anos a.C., possibilitou a migração do sistema de caça e coleta para a agricultura, nos moldes semelhantes ao cultivo de alimentos que conhecemos hoje. Há três séculos, foi a vez da industrial, que mudou por completo os processos produtivos, tornando os bens de consumo mais acessíveis a todos. Mais recentemente,vivenciamos a tecnológica, que proporcionou maior interatividade e acesso a informações, potencializando a globalização.

Além de promover diversas melhorias econômicas, produtivas e sociais, todas essas revoluções possuem uma coisa em comum: a natureza sempre foi prejudicada, ficando em uma situação pior do que antes. Todos os elos da cadeia foram bem remunerados, com exceção ao meio ambiente, continuamente degradado com o passar dos anos. Dessa forma, sem processos verdadeiramente sustentáveis, muitos dos ganhos alcançados pela humanidade podem ficar comprometidos. E em pouco tempo.

Por incrível que pareça, a resposta para “corrigir” este problema é uma nova revolução: a biotecnológica, que consiste em utilizar a inteligência da própria natureza, através da seleção de microrganismos vivos, não nocivos à fauna e à flora, e encontrados de maneira espontânea na natureza, para substituir os atuais processos produtivos.

Mas, como isso é possível? Com muita tecnologia, pesquisa e desenvolvimento. Existe uma série de “bactérias do bem” que podem suprir, com igual ou maior eficácia, qualquer tipo de produção desenvolvida hoje no mundo.

Para cada processo produtivo existente é possível desenvolver em laboratório uma combinação de microrganismos que podem fazer a mesma atividade, com a vantagem de não prejudicar ou até mesmo trazer ganhos ao ecossistema, além de diminuir o tempo gasto para a realização de determinadas atividades, evitar o uso de componentes químicos, simplesmente aumentar a produtividade de colheitas de alimentos, dentre outros benefícios. Tudo isso com um custo-benefício mais vantajoso.

Um bom exemplo é a agricultura. Com o mesmo custo, é possível substituir a adubagem química por fertilizantes biotecnológicos e, em curto e médio prazos, alcançar ganhos de produtividade acima dos 30%, assim como safras de maior qualidade. E o solo fica ainda mais rico, mantendo a sustentabilidade do processo, isso porque os microrganismos embutidos no adubo fazem com que as plantas aproveitem melhor os nutrientes, ajudando, simultaneamente, a plantação e a terra.

Outra utilidade prática se vê na eliminação de resíduos. Sejam eles gerados como resultado de processos produtivos, na despoluição das águas ou de solo contaminado, ou mesmo no tratamento de efluentes. Muitas bactérias têm o poder de consumir todo tipo de material indesejado, acabando com a necessidade de prejudicar o ambiente e de maneira muito mais rápida do que os modos convencionais. E o melhor, transformando estes resíduos em CO2 e água. É uma autorremediação literal da natureza.

Para se ter ideia da eficácia, os conjuntos de microrganismos podem reduzir de 21 para 7,5 toneladas a quantidade de material orgânico em lagoas de efluentes da indústria de papel e celulose, eliminar por completo os detritos das caixas de gordura dos restaurantes, abolindo a necessidade constante de limpeza, enviando a água previamente tratada para o sistema de esgoto, ou, até mesmo,acabar com os resíduos que ficam nas máquinas e tubulações de fábricas, evitando paralisações e, consequentemente, perdas significativas.

A biotecnologia, portanto, é grande o investimento do futuro. A revolução já começou, está acontecendo e cresce a cada ano. Fazer parte desse movimento, hoje, ainda pode soar como algo facultativo, mas, em pouquíssimo tempo, não haverá outra opção. Mais do que uma exigência do mercado, priorizar a sustentabilidade será uma necessidade do planeta, não apenas para manter-se competitivo – afinal, esse é o menor dos problemas. Sem a substituição dos processos produtivos atuais, o planeta não terá condições para suprir a demanda contínua por recursos – alguns deles, já escassos.

A prosperidade para as próximas gerações passa, necessariamente, pela biotecnologia. Para o bem de todos. Quanto antes isso se tornar uma prática comum e básica de toda a cadeia, mais rápidas e maiores serão as vantagens. Para todos.

*Fabricio Drumond é Vice-presidente da SuperBAC, pioneira no mercado brasileiro de soluções em biotecnologia.