Medidas de ESG já são essenciais para manter os investidores e clientes do setor logístico satisfeitos

Medidas de ESG já são essenciais para manter os investidores e clientes do setor logístico satisfeitos

03.05.2023

Por James Barroso*

Quem hoje em dia nunca ouviu o termo ESG? O mercado adora o conceito e as empresas a cada dia mais consideram a sua importância para definir metas e traçar estratégias. E no segmento logístico não é diferente. É por isso que incluir medidas para ESG na estratégia tem se tornado cada vez mais importante para as empresas e investidores, uma vez que muitos deles reconhecem que as empresas líderes em questões ambientais, sociais e de governança têm um desempenho financeiro melhor a longo prazo e são menos arriscadas para investimentos. 

Outro fator de bastante relevância é que muitos consumidores e funcionários estão se tornando mais conscientes da importância da sustentabilidade e da responsabilidade social, e estão exigindo que as empresas demonstrem um compromisso com essas questões.

Altos padrões de governança corporativa

Na área de logística, a importância do ESG está relacionada ao fato de que as empresas têm a responsabilidade de minimizar o impacto de suas operações no meio ambiente e na sociedade, além de manter altos padrões de governança corporativa.

Em termos ambientais, as empresas de logística devem buscar minimizar sua pegada de carbono, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa e promovendo práticas sustentáveis em toda a cadeia de suprimentos. Isso pode incluir o uso de combustíveis alternativos, a implementação de tecnologias de eficiência energética e a redução do desperdício.

Em relação aos critérios sociais, as empresas do segmento devem garantir que suas operações respeitem os direitos humanos, evitando práticas prejudiciais, como a exploração de mão de obra e a violação dos direitos trabalhistas. Também é importante promover a diversidade e inclusão em todas as áreas da empresa, além de engajar-se com as comunidades locais para entender e atender às suas necessidades.

Em pesquisa realizada pela consultoria Walk The Talk by La Maison com mais de 4000 pessoas de todo o Brasil, em que pediu a percepção sobre o posicionamento e ações de 50 empresas que são representativas em suas categorias, a Natura foi a empresa mais associada ao ESG, com a Unilever em segundo lugar, seguida pela Ypê, Boticário, Petrobras, Nestlé, Banco do Brasil, P&G e Coca-Cola.

A pesquisa revela que 94% dos brasileiros têm expectativas de que as empresas adotem medidas sobre ESG e acreditam que as empresas têm obrigação de pensar em soluções. Porém, quando questionados, apenas 17% dos votantes acreditam que as corporações efetivamente fazem o necessário.

A Ambev, por exemplo, é uma das principais empresas brasileiras e, por ser a maior produtora de cerveja no mundo, suas ações de ESG têm um grande impacto. Por isso, não apenas seu foco tem sido no meio ambiente, com a redução do impacto hídrico da produção cervejeira, além do uso de embalagens retornáveis e adoção de energia renovável, como no âmbito social, em que vem trabalhando em campanhas de consumo consciente de bebidas alcoólicas, além de investir na redução de acidentes de trabalho. 

Outra empresa que vem se destacando por suas medidas no assunto é a Natura, que conquistou um prêmio no Responsible Business Awards, da Ethical Corporation, uma organização que celebra a excelência empresarial em sustentabilidade. O reconhecimento foi resultado do compromisso da Natura na relação com sua cadeia de suprimentos, que é baseada em uma estratégia de responsabilidade ambiental, social e financeira. O modelo de gestão da empresa estimula a performance ambiental e a contribuição social de sua rede de fornecedores, abordando temas como a matriz energética, consumo de água, geração de resíduos, educação e inclusão social e segurança do trabalho.

Quando o assunto é governança, as empresas devem manter altos padrões éticos e de transparência em suas operações, garantindo que seus processos e tomadas de decisão sejam justos e equitativos. Isso pode incluir a adoção de políticas de gestão de riscos robustas, a promoção da responsabilidade social corporativa e o engajamento com os stakeholders para garantir a prestação de contas.

Na prática, as aplicações e adoção de políticas de ESG pelas companhias do segmento podem possibilitar a resolução de diversos desafios constatados no setor, tais como: logística reversa, rastreabilidade, otimização de custos com transporte, rastreabilidade e integração da cadeia de suprimentos, adesão a novos modelos de trabalho e tecnologias, e adoção de práticas sustentáveis, como a redução do uso de embalagens e o uso de transportes menos poluentes.

Em outras palavras, a adoção de práticas ESG na área de logística vem se tornando a cada dia mais essencial para as empresas se manterem competitivas e sustentáveis a longo prazo, atendendo às expectativas dos clientes, reguladores e investidores que estão cada vez mais atentos às responsabilidades sociais corporativas. Nesse quesito o setor logístico não é diferente: para se manter relevante, as empresas devem estar atentas a tais mudanças e se adaptar para entregar aquilo que o mercado mais precisa, com decisões estratégicas e agregando valor aos seus resultados.

Diretor de Go To Market Latam da Infor*