Produtividade baixa atrasa o crescimento do Brasil. Como mudar isso?

02.07.2025
Paulo H. Pichini*
Aumentar a produtividade da economia brasileira é um grande desafio. Segundo o estudo do Observatório de Produtividade Regis Bonelli – grupo de pesquisadores que faz parte do FGV Ibre –, no primeiro trimestre de 2025 o crescimento da produtividade por hora efetivamente trabalhada foi nulo - 0. No quarto trimestre de 2024, a marca foi de -0,5. Há, no entanto, ilhas de excelência em que a produtividade avança muito. É o caso do setor de agronegócios, que cresceu 14% em relação ao primeiro trimestre de 2024. Estimativas da ESALQ apontam que, em 2025, o agronegócio poderá representar 29,4% do PIB nacional. A indústria, por outro lado, decresceu 0,8% e a área de serviços teve sua produtividade reduzida em 1,4%.
Reunindo cerca de 70% de todos os trabalhadores brasileiros, o setor de serviços não consegue avançar nessas marcas. As horas efetivamente trabalhadas neste segmento cresceram 3,5% entre janeiro e março de 2025, mas o valor adicionado (resultados) avançou apenas 2,1%.
Dados como esse delineiam a crise de produtividade que atinge as organizações brasileiras. Transformar esse quadro exige uma abordagem multidisciplinar. Estudo da McKinsey publicado em 2024 lista as colunas de uma cultura que promove avanços em produtividade.
- Redesenho e racionalização dos processos: Simplificar regras e procedimentos contribui para aumentar a eficiência das equipes.
- Inovação: Incentivar a inovação organizacional pode levar ao desenvolvimento de ofertas novas e atrai mais clientes.
- Integração tecnológica: Inteligência artificial, automação de workflow e análise de dados pode otimizar processos e aumentar a eficiência.
- Força de trabalho qualificada: Investir nas habilidades e no treinamento da força de trabalho multiplica os talentos e as entregas da equipe.
Estudo do instituto Gallup divulgado em abril deste ano informa que, nos EUA, 1,9 trilhão de dólares são perdidos ao ano por baixa produtividade. O mesmo relatório aponta que 49% dos colaboradores explicam a baixa produtividade por altos índices de stress causados pela falta da infraestrutura tecnológica e de processos necessária para realizarem seu trabalho a contento. O resultado é 30% de redução em engajamento do profissional em seu trabalho.
Estratégias para aumento da produtividade
Para evitar quadro como estes é recomendável avaliar como a tecnologia está sendo aplicada. A inovação digital deve ser projetada para resolver desafios objetivos, sendo implementada numa sequência que envolva o treinamento dos usuários e vá promovendo resultados ao longo desta jornada. Isso facilita o engajamento dos clientes e colaboradores com esse novo paradigma. Outro ponto ressaltado pelos analistas da McKinsey é inserir o novo ambiente digital numa visão de serviços gerenciados que sustente a operação e promova atualizações constantes.
Uma forma de tentar atingir essas metas é analisar o que o conceito de Workplace Experience aporta à aceleração da produtividade de uma organização. A partir de uma visão consultiva em que o desenho e a automação de processos servem de fio condutor dos novos ambientes digitalizados, o Workplace Experience permite a imersão do cliente ou do colaborador num espaço pensado para a máxima criatividade. Num mundo onde as forças de trabalho estão cada vez mais distribuídas, esse enfoque é aplicado tanto nas sedes das empresas como no acesso remoto.
É uma abordagem “as a service” em que vários elementos contribuem para a eliminação de barreiras entre pessoas, departamentos e empresas. Trata-se de um universo construído para que, por meio de plataformas de colaboração, o ser humano realize sua potencialidade em equipe, da forma mais prazerosa possível. Esse arcabouço digital inclui a nuvem híbrida, impressoras, servidores e desktops, recursos de cybersecurity e camadas de software. Nesta oferta “as a service” chamam a atenção, também, avançadas soluções de som, imagem, vídeo e reconhecimento de movimento/presença.
Tecnologia, processos, pessoas
Além de facilitar o acesso de empresas de portes e orçamentos diversos – trata-se de uma operação OPEX –, o modelo de serviços gerenciados resolve os desafios de headcount envolvidos no uso da tecnologia para melhorar a produtividade. Experts em centenas de disciplinas diferentes são responsáveis pelo desenho, entrega, implementação e sustentação de ambientes que têm de promover 24x7 a mais excelente UX – disponibilidade e interfaces atraentes são críticas para a produtividade. A abordagem centrada no negócio do cliente garante, ainda, que inovações surgindo em todo o mundo sejam analisadas e, conforme o caso, propostas para dinamizar ainda mais os processos da empresa.
Não há uma bala de prata capaz de superar a baixa produtividade que prejudica nosso país. É fundamental adotar uma estratégia de 360º que inclua tecnologia, processos e pessoas. Provedores de serviços gerenciados com expertise em produtividade aceleram uma jornada em que ajustes são essenciais, e a inovação acontece todo o tempo.
*Paulo Henrique Pichini é Vice-Presidente de Business Transformation da Ricoh LATAM e CEO & President da Go2neXt – a Ricoh Company.