Trio que explicou o crescimento por meio da inovação ganha Nobel de Economia: entenda o que falta para o Brasil avançar nesse sentido

Trio que explicou o crescimento por meio da inovação ganha Nobel de Economia: entenda o que falta para o Brasil avançar nesse sentido
Credito: CNN PRIME TIME

18.10.2025

O Prêmio Nobel de Economia 2025, anunciado nesta segunda-feira (13.10), reconheceu trabalhos de Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Jowitt. O trio demonstrou como a inovação tecnológica impulsiona o crescimento econômico sustentável, o que reforça a importância dos países que desejam se tornar mais competitivos investirem cada vez mais em inovação. Rodrigo Miranda, CEO da G.A.C. Brasil, consultoria que faz parte do G.A.C. Group, lamenta que o Brasil viva um paradoxo que emperra avanços econômicos mais robustos.

- Apesar de termos a Lei do Bem, uma das legislações de incentivo à P,D&I mais potentes do mundo, e termos à disposição bilhões em recursos federais nos últimos anos voltados à inovação, o país tem visto sua posição despencar no ranking da inovação, que, como o Nobel mostra, é fundamental para o crescimento econômico. 

Estudos recentes apontam que cada 1% de aumento no investimento em P&D pode gerar até 0,6% de crescimento adicional no PIB per capita em países com políticas consistentes de inovação, segundo a OCDE. Isso evidencia que o retorno econômico da inovação é tangível e mensurável – e que os países que estruturaram suas estratégias de longo prazo nessa direção colhem resultados duradouros.

No mês passado, o Brasil caiu de 52ª para a 54ª posição no Índice Global de Inovação 2025, perdendo a liderança na América Latina.

O especialista lembra que o problema, portanto, não é a falta de recursos. Hoje há pelo menos 14 linhas de crédito exclusivas para organizações de diferentes portes, além de programas de incentivo fiscal. Somente este ano, foram lançados programas e linhas de financiamento significativos, como a nova linha de crédito do BNDES e da Finep para Indústria 4.0, o Inovacred, destinado a fortalecer empresas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e o Programa Finep Tecnova III, voltado a micro e pequenas empresas. Além disso, a recente liberação integral de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) representou um aporte de R$?22 bilhões para pesquisa e inovação. 

Enquanto países como Coreia do Sul e Finlândia canalizam mais de 4% do PIB em atividades de P&D com forte articulação entre governo, empresas e universidades, o Brasil ainda investe pouco mais de 1,2%, e de forma fragmentada. Essa diferença estrutural explica boa parte do descompasso entre nossa capacidade científica e o baixo aproveitamento econômico da inovação.

?Na verdade o entrave é a falta de estratégia, visão e execução. É essencial que a inovação saia dos discursos e entre nas decisões de governo e na estratégia das empresas, que precisam entender que necessitam de uma gestão da inovação contínua, alinhada aos objetivos do negócio. Enquanto o mundo acelera, o Brasil ainda discute se vale a pena inovar – avalia o especialista. 

Ferramentas de diagnóstico e governança, como as baseadas na norma internacional ISO 56.001, permitem às empresas mapearem barreiras e aceleradores internos, criando sistemas robustos de inovação. Experiências da G.A.C. Brasil demonstram que companhias que estruturam a gestão da inovação aumentam em até 35% o aproveitamento dos incentivos da Lei do Bem e reduzem retrabalho técnico e fiscal, maximizando resultados e compliance.

Em resumo, a conquista do Nobel de Economia 2025 destaca a relevância da inovação como motor do crescimento econômico sustentável, algo que o Brasil ainda parece não ter plenamente integrado em sua estratégia de desenvolvimento. Para avançar nesse sentido, é urgente que o Brasil transite da retórica à prática, incorporando a inovação de forma consistente nas políticas públicas e na gestão das empresas, garantindo que o país não perca mais terreno enquanto o mundo segue acelerando.