Estudo da ApexBrasil aponta oportunidades globais para produtos compatíveis com a floresta amazônica

Estudo da ApexBrasil aponta oportunidades globais para produtos compatíveis com a floresta amazônica

10.12.2025

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) lançou o estudo “Produtos Compatíveis com a Floresta: oportunidades globais para a Amazônia Legal”, que evidencia como a valorização econômica de produtos sustentáveis pode impulsionar o desenvolvimento da região ao mesmo tempo em que contribui para a preservação do bioma.

O levantamento parte do entendimento de que a conservação da floresta passa, necessariamente, pela geração de renda e oportunidades para quem vive e produz na região. Segundo o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, o futuro da Amazônia está diretamente ligado à consolidação de modelos de negócios sustentáveis.

“A Apex está ajudando a transformar esse cenário em realidade, levando produtos amazônicos a novos mercados e atraindo investimentos que valorizem as comunidades locais. O estudo mostra que é possível gerar riqueza mantendo a floresta em pé”, afirma.

Apresentado durante a COP30, o material reforça o potencial do Brasil para liderar a economia verde global, conectando conhecimento tradicional, biodiversidade e mercados internacionais em crescimento.

Produtos amazônicos com potencial exportador

Elaborado pela Gerência de Inteligência da ApexBrasil, com apoio técnico do professor Salo Coslovsky, da Universidade de Nova York e pesquisador do projeto Amazônia 2030, o estudo identifica 54 produtos compatíveis com a floresta, organizados em dez categorias estratégicas:
açaí, frutas regionais, castanha-da-Amazônia, café robusta amazônico, cacau, peixes nativos, mel, mandioca, bioinsumos, temperos e especiarias.

O mapeamento aponta mercados promissores para esses produtos, incluindo Estados Unidos, Canadá, França, Japão, Portugal e Emirados Árabes Unidos.

Consumo consciente e valor agregado

O levantamento também destaca uma tendência global de crescimento da demanda por produtos naturais, orgânicos, veganos e de origem sustentável — características intrínsecas à produção amazônica. De acordo com o estudo, esses atributos podem resultar em preços até 80% superiores à média da categoria, dependendo do mercado.

“O consumidor valoriza cada vez mais produtos de origem única e responsáveis do ponto de vista ambiental e social”, explica Gustavo Ribeiro, gerente de Inteligência da ApexBrasil. “Casos como o da castanha-da-Amazônia, do cacau amazônico e dos cafés robustas mostram que é possível agregar valor, remunerar comunidades produtoras e competir globalmente.”

Casos reais da bioeconomia amazônica

Para comprovar o potencial da bioeconomia da região, o estudo apresenta exemplos de empresas amazônicas que já atuam no mercado internacional. Entre elas está a Castanha Ouro Verde, cooperativa que exporta castanha-da-Amazônia beneficiada e rastreável, gerando renda para famílias extrativistas e fortalecendo práticas sustentáveis.

Outro destaque é a marca Na’kau, do Pará, que utiliza cacau cultivado em sistemas agroflorestais e vem conquistando mercados internacionais de nicho com o chocolate amazônico.

“Esses casos mostram que a bioeconomia amazônica já é uma realidade concreta”, reforça Gustavo Ribeiro.

Amazônia Legal e o comércio exterior

A Amazônia Legal engloba 774 municípios em nove estados, ocupando uma área de mais de 5,1 milhões de km², o equivalente a quase 60% do território nacional. Em 2024, os estados da região exportaram US$ 62,9 bilhões, representando 18,7% das exportações brasileiras no ano.

Apesar desse peso econômico, os produtos compatíveis com a floresta ainda representam uma fração pequena do total exportado. Em 2024, as vendas externas dos 54 produtos mapeados somaram US$ 610,2 milhões, apenas 0,1% do total da região. Entre janeiro e setembro de 2025, o valor chegou a US$ 470,4 milhões, com crescimento de 7,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.

“Os números mostram que o potencial está longe de ser plenamente explorado”, avalia Jorge Viana. “Nosso desafio é transformar a diversidade produtiva da Amazônia em oportunidades sustentáveis, capazes de gerar renda e empregos.”

Exporta Mais Amazônia

O estudo integra uma série de iniciativas da ApexBrasil voltadas à promoção de exportações sustentáveis, entre elas o programa Exporta Mais Amazônia. A terceira edição aconteceu em outubro, em Rio Branco (AC), reunindo 25 compradores internacionais de 18 países e 76 empresas amazônicas.

A rodada de negócios resultou em 337 reuniões bilaterais, com expectativa de R$ 101,5 milhões em negócios. Nas edições anteriores, realizadas em 2023 e 2024, o programa movimentou mais de R$ 85 milhões para a economia regional.

O estudo completo “Produtos Compatíveis com a Floresta: oportunidades globais para a Amazônia Legal” está disponível gratuitamente no portal da ApexBrasil. Um segundo volume está previsto para 2026, ampliando a análise para frutas tropicais, bioinsumos e produtos naturais com potencial para substituir plásticos de origem fóssil.