Exportações de autopeças superam US$ 9 bi e reforçam corrida por automação na indústria brasileira

29.08.2025
As exportações brasileiras de autopeças ultrapassaram US$ 9 bilhões em 2024, segundo dados do Sindipeças. Para atender mercados exigentes como Argentina, Estados Unidos e México, montadoras e fornecedores nacionais vêm ampliando seus investimentos em automação e robótica, tecnologias que já respondem por quase um terço das novas instalações de robôs no país. Só em 2022, foram implantadas 1.858 unidades, consolidando o setor automotivo como líder na adoção de soluções de ponta e motor da transformação tecnológica no Brasil.
Os investimentos das montadoras reforçam essa tendência. A General Motors anunciou R$7 bilhões em aportes até 2028 em suas plantas nacionais, enquanto a Volkswagen prevê R$9 bilhões no mesmo período. Além disso, programas governamentais destinam R$ 19,3 bilhões em incentivos fiscais para estimular inovação, automação e descarbonização da cadeia automotiva.
Esse cenário positivo, no entanto, convive com incertezas no comércio exterior. O anúncio do “tarifaço” entre Brasil e Estados Unidos aumentou a pressão sobre exportadores de autopeças. Mesmo que o setor tenha ficado de fora e o país ainda mantenha bom desempenho, com alta de quase 10% em 2024 e crescimento das vendas para a Argentina, a possibilidade de tarifas mais altas em um mercado tão estratégico gerou muito receio.
“Automação e exportação caminham juntas. Para disputar espaço em comércios tão exigentes, o Brasil precisa investir em linhas mais inteligentes, que aumentem a produtividade sem abrir mão da sustentabilidade”, avalia Michael Lopes, engenheiro de automação com mais de 10 anos de experiência e que já desenvolveu soluções para empresas como Tesla, GM e Ford, com foco em eficiência energética, automação de linhas de produção e integração robótica.
Além dos gigantes globais, startups nacionais também começam a ganhar destaque. A capixaba Lume Robotics, especializada em veículos autônomos de nível 4, já realizou projetos em parceria com Embraer e Marcopolo e mostra como o país pode avançar não apenas como exportador de peças, mas também como desenvolvedor de soluções tecnológicas de alto valor agregado.
Apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta desafios. O custo elevado dos robôs restringe o acesso de pequenas e médias empresas e a falta de mão de obra qualificada limita a velocidade da modernização. Ao mesmo tempo, a pressão do mercado internacional por eficiência, sustentabilidade e segurança comercial funciona como estímulo para acelerar a transformação.