Startup de certificação de mineração atinge o valuation de R$ 60 milhões e quer trazer mais transparência ao setor

Startup de certificação de mineração atinge o valuation de R$ 60 milhões e quer trazer mais transparência ao setor

04.02.2024

A Certimine, uma startup dedicada à certificação ESG na indústria da mineração, anunciou que recebeu um aporte de R$3 milhões, com um valuation estimado em R$60 milhões. Fundada em 2022 pelo engenheiro de minas e atual CEO, Eduardo Gama e por Raphael Jacob, COO, a empresa tem como objetivo reduzir a circulação de minérios extraídos de maneira irregular no Brasil. Para isso, a Certimine desenvolveu um processo que inclui visitas presenciais e avaliações das mineradoras com base em mais de 500 parâmetros, que vão desde o impacto ambiental, nas comunidades até as condições de trabalho, especialmente identificando a presença de condições análogas à escravidão e trabalho infantil.

Essa injeção de capital será direcionada para a tecnologia e operações, especialmente investimentos em recursos de automação com inteligência artificial, rastreamento avançado e georreferenciamento de visitas a campo. Com isso, a Certimine deseja atingir uma participação de 10% no mercado e um faturamento de R$14 milhões até o final deste ano. Entre os investidores e no board, estão executivos conhecidos do mercado como Leandro Baran, co-fundador da 99, Tatiana Campos, CFO da Serasa com passagens pela Nike e Johnson&Johnson, Daniel Dirani, CEO da LDG Advogados, Ricardo D’Ancona, CEO da Systec Metalúrgica e Mauricio Okubo, CEO da Julio Okubo, uma das principais redes de joalherias do Brasil.

"Este investimento é de extrema importância para a continuidade de nossa missão, que consiste em trazer valores ESG para a indústria de mineração brasileira e torná-la cada vez mais sustentável e transparente. Os minérios fazem parte do nosso cotidiano e são essenciais para o desenvolvimento da indústria, tecnologia e muitas comunidades. Portanto, nosso objetivo é garantir que as mineradoras que seguem as normas legais não sejam confundidas com garimpos ilegais, cujas ações são amplamente conhecidas. Além de ajudar os compradores a identificar as mineradoras que realizam boas práticas e que podem ser confiadas. Acredito que já alcançamos resultados significativos nesse sentido. Graças à certificação, mais de 200 kg de ouro de origem irregular deixaram de circular no mercado legal, resultando em uma obstrução de 12 milhões de dólares que poderiam financiar atividades ilícitas", afirmou Eduardo Gama.

Recentemente, o executivo participou da COP-28 para apresentar os avanços da certificação no Brasil, com avaliações realizadas em mais de 200 mineradoras localizadas em pelo menos sete estados-chave para o setor. Ele destacou que o Selo Mine segue padrões internacionais, tornando as mineradoras aptas a exportar seus produtos para o mundo, incluindo as micro e pequenas empresas, que representam 86% do total das operações no país. "A sustentabilidade precisa ser considerada em todas as etapas de um negócio, desde a gestão da cadeia de suprimentos e matérias-primas até o marketing. As pessoas estão cada vez mais conscientes e desejam saber a origem dos produtos que estão em suas mãos. A certificação é a maneira mais eficaz de garantir essa transparência", acrescentou.

"A mineração é uma atividade indispensável para o avanço da sociedade e tecnologia. No entanto, não podemos ignorar a realidade do que acontece em várias regiões do Brasil com as práticas ilegais na mineração e suas consequências. Isso me abriu os olhos para a importância de apoiar negócios que trazem transparência para o setor.  Nesse sentido, a certificação presencial criada pela Certimine veio para ficar. Estamos muito orgulhosos de participar dessa mudança tão importante para o desenvolvimento sustentável do país", afirmou Leandro Barankiewicz, ex C-Level da Oracle e SAP, e ex-sócio e executivo da 99 e SoutRocklab, e atual CEO da TGP Group e Nonstop Produções

A certificação, que leva em conta os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, já é utilizada por empresas consolidadas como a Fênix DTVM, que realizou em março do ano passado a primeira venda de uma barra de ouro com total rastreabilidade por meio da tecnologia blockchain e da Certimine.