A lenta chegada da tecnologia que pretende tornar tudo mais veloz

A lenta chegada da tecnologia que pretende tornar tudo mais veloz

24.06.2021

*Por Gabriela Resende

A chegada do 5G no mercado brasileiro, antes mesmo de realmente implementada, já causa diversas dúvidas e muitas notícias falsas, como a de que se trata de um plano de dominação de uma nova ordem mundial, e verdadeiras, como a dificuldade de implementação que o nosso país terá para adotar esse avanço tecnológico.

A burocracia, as altas cargas tributárias e o baixo investimento em ciência e tecnologia fazem com que, no Brasil, novidades como a quinta geração de redes móveis demorem a fazer parte do nosso dia a dia. Já sabemos que o 5G ainda passará por um longo processo até estar disponível para ser usado pelo brasileiro no aparelho smartphone ou na empresa, por exemplo.

É preciso destacar que essa burocracia não acontece apenas por aqui. Desde a sua primeira aparição comercialmente na Coréia do Sul, em 2019, o 5G caminha a passos lentos em todo o globo. Diversos países ainda estão, como o Brasil, na fase de leilão da tecnologia, uma disputa que envolve não só o custo-benefício de cada empresa interessada em fornecer o 5G, mas, também, disputas políticas e ideológicas, já que uma das maiores fornecedoras da tecnologia é a Huawei, empresa chinesa, cujo país de origem está em guerra comercial com os Estados Unidos.

Mas por aqui, a chegada do 5G além de depender do leilão, que será realizado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), precisará de toda uma nova infraestrutura. Hoje em dia, até mesmo para a tecnologia do 4G faltam equipamentos, como antenas para uma maior área de sinal disponível, por causa da burocracia que existe — em São Paulo, por exemplo, a liberação de instalação de novas antenas e estações celulares pode demorar até cinco anos.

Outro ponto de dificuldade para a implementação será a substituição de equipamentos residenciais, como as antenas parabólicas, que comprometem o sinal do 5G. O edital do leilão prevê que as empresas vencedoras sejam as responsáveis por fazer a troca nas casas da população mais carente, mas ainda tem grande parte da população que não será contemplada e precisará mexer no próprio bolso para fazer a aquisição de outro aparelho, já que assim que implementada a nova tecnologia, as parabólicas de quase 20 milhões de brasileiros se tornarão obsoletas.

Mesmo que represente muito mais do que apenas uma internet mais rápida, e traga avanços, como o de promover uma maior segurança e agilidade para os seus utilizadores, o 5G, principalmente no Brasil, ainda terá um longo caminho com diversas barreiras para se consolidar como a rede que todos os brasileiros estarão utilizando — vale reforçar que, ainda hoje, temos locais em que o sinal de 3G quase não chega.

A minha aposta é que ele não seja uma utopia: é claro que quem trabalha com tecnologia ou mora em grandes centros, por exemplo, o acesso virá com mais rapidez. Porém, até que todos possam desfrutar um pouco desta evolução da rede, vai demorar. Se depender das nossas regulamentações, acordos com os governos, e investimentos bilionários, o tempo de espera não será pouco.

Por enquanto, seguimos assim: ansiosos por mais uma super inovação, que proporcionará muitos avanços, tornando mais viável e acessível tecnologias que demandam uma internet mais potente como os carros inteligentes e diversos equipamentos que utilizam realidade virtual.

 Jornalista do Portal de Planos*